Esta é apenas mais uma simples estória dessas que acontecem todos os dias por aí......
Por Kátia de Rodrigues
A minha paixão pelas cores, pelas formas e pelos materiais nas vitrines de Santos, na minha adolescência me levaram a fazer a primeira bolsa.
A minha família de imigrantes, com pouquíssimos recursos financeiros e que tinha como ofício principal costurar sob medida vestidos e roupas femininas em geral, deve ter me legado alguma herança pelo uso das agulhas e linhas.......
Então, como era o final dos anos 1970, e a moda era muitíssimo parecida com o que vivemos hoje, um velho paletó de tecido acamurçado da minha tia serviu de base para o corte, as linhas de bordar da minha avó que eu não conheci e as agulhas da minha avó espanhola serviram para os primeiros bordados.
Bingo!
Pontos caprichados, no desenho simétrico multicolorido, com plaquinhas improvisadas para imitar a novidade da época que eram os bordados indianos, pingentinhos feitos com os restos das linhas coloridas, bastaram pra fazer uma peça bem over, com alça trançada, com detalhes delicados e indiscretos.
Esta é uma Coleção de bolsas que está hoje, em nossa vitrine. Estas peças são todas exclusivas, únicas e artesanais. Nos inspirou para escrever este post.
Sucesso entre a molecadinha, que ia dançar na domingueira.
Todas queriam uma bolsa daquela.......
E uma faixa trançada, com paîlletes coloridos e nós e metais e fiapos e muito outros pendurebas, para amarrar em outra novidade - as calças jeans com cintura baixa............(perdoe, eram os anos 70)
Então tá, mãos à obra e vamos usar essa tal herança genética - o artesanato.
Mas, pra quem nasceu em uma família com pouca formação acadêmica, que trabalhava muito com as mãos pra conseguir se virar no dia a dia, uma das exigências era se dedicar o máximo aos estudos.
Outra indicação seria jamais chegar perto das agulhas e linhas, porque seria um caminho fácil pra iniciar a vida profissional, porém, na visão de um imigrante, não seria o ideal, ou melhor, não se atingiria o alvo, o topo, para quem saiu de sua terra para melhorar de vida, como se dizia.
Entre um bordado e outro, a primeira Faculdade,
Entre uma bolsa de tecido e outra, um Concurso Público.
Entre um cinto e uma bolsa, um Pedido de uma loja!!!!
Entre uma técnica e outra, muito sono, porque um funcionário trabalha em período integral e faltava tempo para os bordados, o segundo curso Superior e as encomendas.....
E era bolsa, cinto, mochila (pensa que uma mochila era o auge do novo, naqueles já anos 1980) e era tanto pedido, que foi preciso muita ajuda. Ajuda familiar, uma sociedade em família, os primeiros funcionários ainda informais......Mas chegaram pedidos para desenvolvimento de Coleções para outras confecções e daí........ o ganho com aquelas peças feitas à mão, superaram os ganhos do emprego formal, que era bem interessante, e muito convencional para a primeira geração de brasileiros, mas a herança genética falou mais alto, e a pseudo-confecção ganhou.
E aquela idéia de produto artesanal, ganhou força, ganhou mais pedidos de lojas, boutiques, e chegaram outras grifes e confecções e a coisa toda foi virando uma loucura!!!!
Mochila feita em crochê com acabamento em couro - peça única
Quando chegou a hora da primeira loja de vendas no atacado, em São Paulo, houve o primeiro questionamento sobre aquele produto artesanal.
Eu lembro bem que a cliente perguntou
-Minha filha, como eu uso uma bolsa destas?
Era uma mochila pós moderna (risos) azul claro de vinil, com um fechamento alternativo......
e aquela pergunta me marcou de uma forma super incisiva e me fez pensar seriamente em alguma ação de marketing ou de mudar o foco do produto.....
Crise existencial, corporativa............
Por que a cliente não se encantou pela bolsa, como acontecia antes?
Hora de repensar o produto e alçar vôos diferentes.....
Mas em seguida uma cadeia de mais de 100 lojas pediu a primeira bolsa de crochê.
Naquele momento, o acesso ao produto chinês nem sonhava nos mais louco dos sonhos em chegar ao Brasil com a força que chega hoje.
Mas nossa intimidade com as agulhas não passava pelas agulhas de crochê.......
Mas o nosso sonho de trabalhar com agulhas era definitivo.
Dá pra perceber que o texto saiu da primeira pessoa e passou para o plural?
Então, pensa como tem que ser plural fazer em 20 dias, quase mil bolsas iguais de crochê.
Grandes.
Com alça tiracolo larga, trançada em crochê.....
Esta bolsa tem pequenas peças crochetadas aplicadas sobre uma base de tapeçaria rústica e acabamento em couro
Nós fizemos.
E quando suspiramos, ufa, entregamos o pedido,
veio o retorno,
O sucesso foi tamanho, que o repeat, vinha com um número diferente, agora eram cinco mil peças.
Ui.......é para rir, ou para chorar?
Estávamos no Brasil, não estávamos na China.....
Enfim, o prazo de entrega foi negociado, a entrega foi honrada,
e nosso atrevimento criou peças com fios diferente, com pontos em jacquard, com tricô, macramê tingido artesanalmente, patch work com pinturas, tingimentos e bordados manuais.....
E veio a fase da cestaria com as diferentes palhas brasileiras,
e os números passaram de dez mil peças....
e vieram os eventos de âmbito nacional
e o primeiro convite para um Evento Internacional,
e o produto, que havia sido questionado, foi ganhando requintes de detalhes minuciosos e caprichados para arrancar suspiros de clientes desavisados de nossa paixão por cores e formas e materiais diferenciados.
Em algum momento dessa história, deve ter havido um tempo para pensar e para escutar algum consultor que profetizou que se deveria pensar seriamente em algum ponto para o varejo.
E essa profecia ficou guardada em algum canto inconsciente, no meio do turbilhão da produção enlouquecida de bolsas artesanais.
Até que um belo dia alguém me pegou pela mão e veio me mostrar um velho açougue que estava a venda.....
Mas essa história nós já contamos aqui, neste blog.
E era uma vez, um açougue......
E hoje,vivendo mais do que a metade do ano 33 da nossa história no meio das
bolsas e dos acessórios de Moda, podemos olhar para uma peça artesanal, como estas da pequena Coleção com rosetas, que ilustram este estória......
E suspirar......
Suspirar de amor pelo nosso ofício, suspirar de agradecimento por este ofício ter nos levado tão longe e por nos trazer até aqui bem pertinho de você.
Suspirar de satisfação à cada comentário de uma cliente quando ainda se encanta, afirmando que nossas bolsas surpreendem sempre, que nunca se cansam de admirar e de escolher uma bolsa diferente das que ela já tem em sua coleção, em casa.
Suspirar por uma nova cliente, que nunca tinha visto o nosso trabalho e se deslumbrar com cada detalhe em cada cantinho de cada bolsa tão fora do convencional.
Muitas vezes, nos perguntam se esta loja é uma filial de alguma loja internacional.
Ou nos perguntam onde mais poderiam encontrar as outras lojas da rede, nas capitais pelo Brasil,
Ou as inúmeras vezes que ouvimos todos os dias que jamais viram nada parecido e tão colorido e tão convidativo e tão alegre e tão, tão, tão.......
Ou a amiga, da amiga, da amiga, que traz alguém, quer dier, uma nova amiga para conhecer esta loja, tão diferente do que ela conhece, vem mostrar uma grande novidade, colorida, divertida, simpática,.....
Que me faz pensar, como seria se eu tivesse me preocupado mais com aquela cliente, que irreverentemente perguntou,
- como se usaria aquela bolsa....
Ou se eu tivesse escutado o que mamãe dizia, pedindo para que eu ficasse naquele emprego público, onde eu era concursada e teria a estabilidade das férias e dos décimos terceiros......
Talvez, eu não conhecesse você, não ouviria os suspiros,
não teria o prazer de apresentar mais uma pequena coleção, com o requinte luxuoso de trazer peças únicas,
Peças elaboradas em um ateliê, onde orgulhosamente todos os dias trabalhamos, agora com uma equipe competente e apaixonada,
Produzindo exclusividades,
Nossas jóias raras.
Nossos amores,
Nossas bolsas artesanais.
detalhe do trabalho manual das peças acima
TEOR, quer dizer conteúdo.
Veio da melhor parte da TEOREMA, que quer dizer que você pode afirmar uma pre-posição.
Que veio do primeiro sonho de confecção, de uma sociedade que se chamava Carmen&Kátia,
A Carmen, viveu uma paixão maior, casou e foi morar lá na Europa, de onde veio nossa família, nossa origem, virou advogada de sucesso, formou uma família linda.
A Kátia, ficou, virou TEOREMA, que se especializou em varejo e continua com sua melhor parte, a TEOR,
Mas a TEOR você já conhece...........
Não conhece?
Então, vem ver bem de pertinho,
Vem se emocionar com a gente!!!!
Rua Fernão Dias, 2 - Gonzaga - Santos/SP.
(Em frente ao estacionamento do Shopping Balneário)
Blog: www.teordamoda.blogspot.com.br